Participants of the Student Exchange
Ana Castro - Reinscrever a liberdade no corpo feminino: dois romances cabo-verdianos contemporâneos em perspetiva comparada
Ana Castro é mestranda em Literaturas, Artes e Culturas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde desenvolve uma dissertação na área das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Licenciou-se na mesma instituição em Línguas, Literaturas e Culturas (2022), com minors em Artes e Culturas Comparadas e Estudos Portugueses. Após a licenciatura frequentou o curso livre Introdução ao Estudo da Literatura Cabo-Verdiana (2022), na NOVA FCSH. Tem feito comunicações e publicado artigos em revistas científicas, principalmente nas áreas das Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa, Estudos de Género e Estudos Decoloniais. Atualmente é bolseira de investigação no âmbito do projeto “WomenLit – Literatura de Mulheres: Memórias, Periferias e Resistências no Atlântico Luso-Afro-Brasileiro” (https://doi.org/10.54499/PTDC/LLT-LES/0858/2021).
Título Poster: Reinscrever a liberdade no corpo feminino: dois romances cabo-verdianos contemporâneos em perspetiva comparada
Resumo: Este projeto pretende lançar breves considerações sobre a representação do corpo feminino em dois romances da literatura cabo-verdiana contemporânea, Veromar, de Dina Salústio (2019) e A Vénus Crioula (2021), de Vera Duarte. Será feito um recorte sobre os corpos dicotómicos de Aurora e Tina, protagonistas dos romances, no sentido de compreender como as representações de um corpo que se torna literalmente monstruoso, por um lado e completamente erotizado e exotizado, por outro, poderão ambas representar estratégias de resistência feminina (e feminista) face à longa tradição de apropriação do corpo feminino, na literatura, por homens brancos. Neste sentido, será, naturalmente, significativo que se tratem de corpos de mulheres negras, aqueles que, na literatura e também na história, sempre foram deslocados para o outro lado da «linha abissal» (Martins 2022); e que, portanto, quando são escritos pelos próprios sujeitos que pretendem retratar (duas mulheres africanas negras), ganham um enorme potencial de renarração e reapropriação destes locais onde historicamente foi disputada a violência racista e colonialista. Entendemos que existe uma denúncia gritante, tanto em Salústio como em Duarte, de diferentes formas de apropriação do corpo da mulher negra em contexto colonial, quer seja através da excessiva erotização e exotização a que aludíamos acima, n’ A Vénus Crioula, quer, de maneira mais perversa e concreta, através da violência sexual, em Veromar. Ainda que o enredo de ambos os romances seja muito díspar e não proporcione, necessariamente, um desfecho satisfatório para as protagonistas, acreditamos que o próprio ato de construir uma narrativa dando destaque ao corpo da mulher negra, pode ser um ato poderoso de reescrita das histórias destas mulheres, abrindo terreno para uma literatura que, finalmente, as humanize e retrate as suas múltiplas vozes.
Ananda Khan Ambrose - Ethnography of the Aga Khan Academy of Lisbon: Negotiating Islamic Space in Lisbon
Ananda Ambrose is a first-year PhD candidate at the University of Lisbon- Institute of Social Science. She is pursuing ethnographic research under the supervision of Simone Frangella and co-supervision of Amanda Guerreiro. She has interests in the Anthropology of Islam, the built environment and cultural production. Ananda received her Master’s in Middle Eastern Studies from The CUNY Graduate Center in New York City. Before this, she received her bachelor’s from California State University, Northridge in English Creative Writing. She was born in the Washington D.C. area to parents who are from the former British Colony of Trinidad and Tobago. Some of her intercultural experiences include teaching English to migrant youth in Northern Lebanon and acquiring an elementary Arabic language proficiency, which she will continue during her fieldwork. Before returning to Academia for her doctoral research, she worked in non-profit administration at the Climate Emergency Fund, a foundation supporting climate activism.
Título Poster (with Chams Wang Xin): Post-colonial transnational migration experiences
Abstract: My PhD project discusses the ongoing process of constructing the Aga Khan Academy of Lisbon (AGAL), a private school for school-aged children of all backgrounds being built in Oeiras by the Ismaili Aga Khan Development Network (the Network). The Network purchased rural land adjacent to the existing TagusPark Science and Tech Park in 2018 and received recent approval to move forward after years of municipal negotiations and public contest. The goal of this ethnography of place and space is the examination of social processes and constructions that have materialized over time to create the project and consequentially expand Ismaili innovations to the fields of built environments, urban space, public service, and education in Portugal. This case study provides insight into increasingly visible Muslim communities in Portugal and the political stakes at play as the Imamat negotiates visibility and asserts its presence in Lisbon, a Post-Imperial and Post-Colonial capital city.
Beatriz Castanheira - O Útero da Afroinsularidade - uma análise da obra O Útero da Casa, de Conceição Lima
Beatriz Castanheira, licenciada em Línguas Modernas, ramo de Português e Inglês, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, frequenta atualmente o Mestrado em Literatura de Língua Portuguesa, na mesma Universidade. Natural de Coimbra, Portugal, desenvolveu um interesse por línguas e literaturas desde cedo, principalmente no que diz respeito aos períodos do Romantismo e Realismo portugueses, as áreas do terror, do fantástico e do sobrenatural e as literaturas africanas de língua portuguesa. Durante o seu percurso académico, Beatriz participou em diversas atividades extracurriculares que incluem o Núcleo de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, ações de voluntariado e envolvimento e colaboração em diversos congressos.
Título (provisório): O Útero da Afroinsularidade - uma análise da obra O Útero da Casa, de Conceição Lima
Resumo: Este trabalho, realizado no âmbito da Unidade Curricular de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, analisa o livro O Útero da Casa (2004) de Conceição Lima, uma proeminente poetisa de São Tomé e Príncipe, cuja obra reflete sobre a herança histórica e cultural da sua terra natal. Através de uma análise detalhada dos poemas “Mátria”, “A casa”, “A herança”, “Afroinsularidade” e “Mural”, propõe-se que a sua obra oferece uma exploração rica e multifacetada dos temas de memória, identidade e insularidade, destacando como estes estão intrinsecamente ligados e moldam a experiência são-tomense. Infere-se que Lima usa a memória para denunciar as injustiças históricas e como base para a construção de uma identidade resiliente; a identidade são-tomense é vista como uma construção contínua e híbrida; já a insularidade assume-se como um elemento central que define e desafia a identidade do povo das ilhas. Logo, a sua obra é um manifesto de resistência e esperança que convida à reflexão sobre o passado para construir um futuro melhor.
Angelica Conni - O resgate do silêncio: uma literatura contra o esquecimento
Angelica Conni (16/06/1996): Nasci no dia 16 de junho de 1996, em Savona, cidade italiana, na região Liguria. Depois da conclusão dos estudos na escola superior, trabalhei quatro anos no âmbito marítimo, mas, em 2019, comecei o meu percurso académico na Universidade de Génova, na Faculdade de Línguas, literaturas e culturas modernas, onde escolhi língua francesa e língua portuguesa. No terceiro ano da licenciatura, optei por participar no programa Erasmus, nomeadamente na Universidade de Coimbra, onde descobri o meu interesse pela literatura de língua portuguesa. Após a dissertação do primeiro ciclo, focalizada na literatura africana, iniciei o Mestrado em Literatura de Língua Portuguesa, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e, com enorme entusiasmo, decidi continuar o meu percurso de investigação, candidatando-me no curso de Doutoramento em Literatura de Língua Portuguesa.
Título: O resgate do silêncio: uma literatura contra o esquecimento
Resumo: No decurso do tempo, o 25 de Abril tem vindo a ser celebrado enquanto dia do alcance da liberdade. Porém, é necessário comemorar os motivos que levaram à Revolução e, sobretudo, o esforço da população pela conquista dos direitos humanos. José Saramago e António Lobo Antunes, conscientes disso, escolhem assumir uma tarefa difícil, desempenhando um papel fulcral na construção da memória coletiva, no que diz respeito aos factos vividos em Portugal e em África durante o Estado Novo e a Guerra Colonial. José Saramago, através do livro intitulado O Ano de 1993, publicado em 1975, e António Lobo Antunes, por meio de Os Cus de Judas, romance de 1979, além de criar uma memória coletiva, visam exortar o povo a lidar com os seus próprios traumas e enfatizam a importância da luta pela liberdade. Ambos os autores oferecem o seu próprio testemunho para eternizar a essência da Revolução dos Cravos.
Patrícia Bruno - Manifestações afrofuturistas do realismo animista nos romances de Dina Salústio
Patrícia Bruno, mestranda em Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de Coimbra, em Portugal, e licenciada em Letras, com habilitação em Português e Inglês, pela Universidade Católica de Santos, no Brasil. Em 2013, publicou seu Trabalho de Conclusão de Curso intitulado "Lestada: elemento transformador do espaço e dos personagens da obra Os Flagelados do Vento Leste de Manuel Lopes". Atualmente, seus estudos concentram-se nas produções literárias de escritoras cabo-verdianas, como Dina Salústio e Vera Duarte.
Título Poster: Manifestações afrofuturistas do realismo animista nos romances de Dina Salústio
Resumo: Utilizando-se das propostas teóricas de Afrofuturismo apresentadas por estudiosos como Mark Dery e Jacqueline-Bethe Tchouta Moungoué, e de Realismo Animista, de Henry Garuba, este trabalho propõe-se a analisar as manifestações do insólito presentes nas obras A Louca de Serrano e Veromar, da escritora cabo-verdiana Dina Salústio, objetivando uma visão descentralizada das perspetivas europeias e o reconhecimento de uma cosmovisão africanista que insere o sobrenatural como intrínseco à realidade.
Lúcia de Azevedo - Identidades Políticas Polarizantes no Mundo digital (Twitter X)
Lúcia de Azevedo Ramos: Descendo de pais portugueses e vivo em Lisboa, Portugal. Atualmente frequento o curso de Artes e Humanidades na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O programa proporciona-me uma formação abrangente e diversificada, que inclui a aprendizagem de línguas e o estudo de obras literárias. A História da Arte destaca-se como a minha área de estudo favorita, em conjunto com a História. No momento, estou a fazer um major em Arte e Património, enquanto faço um minor em História. A combinação destas duas áreas ajuda-me a relacionar e a perceber como a arte e os seus meios artísticos foram influenciados pela História. Encontro-me a participar recentemente num projeto de investigação, em colaboração com o colega Eric Andrade, intitulado "Identidades Políticas Polarizantes no Mundo Digital (Twitter/X)", um estudo que pretende analisar como as plataformas digitais influenciam e moldam as identidades políticas contemporâneas.
Título Poster (com Eric Andrade): Identidades Políticas Polarizantes no Mundo digital (Twitter X)
Resumo: Recorrendo a autoetnografias digitais e a uma etnografia não-participante de indivíduos de idades entre os 19 e os 20 anos, todos estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, desenvolvemos o projeto intitulado “Identidades Políticas Polarizantes no Mundo Digital (Twitter/X)”. Um projeto que pretende analisar, sob a luz do circuito da cultura de Stuart Hall, a forma como as plataformas digitais, mais concretamente o X, influenciam, moldam e refletem identidades políticas num mundo cada vez mais globalizado e marcado por relações interculturais. Neste sentido, símbolos, como bandeiras, e as mais diferentes expressões artísticas, como vídeos, desenhos e fotos, ocupam um papel central ao permitirem uma análise da expressão da identidade política na rede social. A observação destes dois aspetos foi feita tendo em conta vieses que não poderiam ser ignorados, como é o caso dos orientalismos e dos imperialismos que afetam o significado e o significante. Os resultados deste projeto revelaram-se um tanto inconclusivos, consequência da natureza do algoritmo, que dificulta a análise da produção, e que contribui para a natureza dicotómica e disruptiva do X. Assim, se de facto existem posições polarizadas, também é verdade que a existência humana não se resume a posições esporádicas dentro e fora do mundo digital, assim como o que é dito e praticado virtualmente nem sempre reflete a realidade não-virtual.
Roque Suequel - Opressão, Resistência e História na Ficção Angolana: de António de Assis Júnior a Ondjaki
Roque Suequel, Doutorando em Literatura de Língua Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (2024), Mestre em Estudos Lusófonos pela Universidade da Beira Interior (2018), Licenciado em Ciências da Educação, Opção: Linguística Portuguesa pela Universidade Lueji A´Nkonde – Escola Superior Pedagógica da Lunda Norte (2016), é Professor do Agrupamento 300 e leciona Português, Laboratório de Línguas e Português Língua Não Materna (PLNM) no Agrupamento de Escolas de Caneças, em Odivelas, Lisboa, e no Agrupamento de Escolas da Trafaria, em Almada, Setúbal. Lecionou Língua Portuguesa no Complexo Escolar Delegado Eusébio Nelson, na Lunda-Norte, Angola. Exerce, também, a função de Investigador Colaborador e Doutorando do CEL, integra o grupo de investigação de Historiografia Linguística e Linguística Missionária e está a desenvolver um projeto de investigação sobre “Interferências Lexicais do cokwe no português e do português no cokwe na Lunda Norte” que se enquadra nos objetivos do Doutoramento em Ciências da Linguagem pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Nos cursos de Ciências Humanas do IIº ciclo do Ensino Pré-Universitário, tem ministrado as cadeiras de Literatura, Língua portuguesa e Metodologia de Ensino de Língua portuguesa, Foi coordenador da Disciplina de Literatura na Escola de Formação de Professores do Lucapa, Angola (2013-2014). Autor do artigo científico intitulado: A construção da identidade feminina angolana em Ritos de Passagem, de Paula Tavares, publicado pela revista internacional “Portuguese Literary & Cultural Studies” (2024).
Título Poster: Opressão, Resistência e História na Ficção Angolana: de António de Assis Júnior a Ondjaki
Resumo: A resistência ao domínio colonial implementado em Angola pelo regime português inspirou um número considerável de escritores angolanos e luso-africanos que basearam os seus romances, contos e poemas na temática da opressão colonial como forma de protesto e denúncia. Ora, as diegeses produzidas por autores reconhecidos da literatura colonial e anticolonial coincidem com as fontes históricas oficiais, o que, de alguma forma, reflete a realidade vivida pelo(s) autor(es) narradores, ou então, a realidade de segunda mão do relato de factos ouvidos.
Para o presente trabalho, procuramos escavar a vida das personagens encontradas em obras publicadas durante o período colonial e pós-colonial que intervêm no enredo pela voz do narrador incorporando o papel de figuras históricas. Acresce que a escrita produzida durante o período colonial, a fase da luta pela independência e pós-independência, tal como toda a literatura de reconstrução nacional, está focada num objetivo transversal, que é refletir os aspetos da prática da construção da sociedade, de teor socialista, na Angola independente.
A ocupação colonial, o início da luta armada, a proclamação da independência de Angola, a guerra civil e o acordo de paz de 2002 desencadearam o interesse por vários temas que foram abordados na ficção. Neste poster serão analisados e interpretados, de forma sucinta, romances emblemáticos de António de Assis Júnior, Castro Soromenho, José Luandino Vieira, Pepetela, Uanhenga Xitu e Ondjaki, com o intuito de indagar os tópicos anunciados no título deste trabalho: opressão, resistência e história
Danielle Duque Baracho - Identidades femininas em trânsito: um percurso literário no Atlântico Negro
Danielle Duque Baracho, é mestranda em Literaturas, Artes e Culturas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, licenciada em Português com Menor em Línguas Modernas (Inglês) pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e pós-graduada em Artes da Escrita pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas pela Universidade NOVA de Lisboa. As suas áreas de maior interesse são Estudos Pós-coloniais, Estudos de Género, Literaturas de Língua Portuguesa e Estudos Comparados. Na sua dissertação de mestrado, desenvolve reflexões em torno das identidades femininas em trânsito nas obras As Telefones (2020), de Djaimilia Pereira de Almeida e Essa dama bate bué! (2018), de Yara Monteiro.
Título Poster: Identidades femininas em trânsito: um percurso literário no Atlântico Negro
Resumo: O projeto intitulado “Identidades femininas em trânsito: um percurso literário no Atlântico Negro” pretende investigar, a partir de uma abordagem metodológica de caráter comparativo, obras literárias que encenam trânsitos de corpos e culturas entre margens do Atlântico, refletindo dinâmicas de pertencimento e produzindo formas estéticas que dialogam com as propostas teóricas de Paul Gilroy em O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência (2001). Nesse âmbito, propõe-se uma análise crítica de dois romances contemporâneos, a saber, Essa Dama Bate Bué! (2018), de Yara Monteiro e As Telefones (2020), de Djaimilia Pereira de Almeida. A partir deste corpus literário, demonstrar-se-á como essa experiência diaspórica pós-colonial, na perspectiva feminina, levanta complexas questões identitárias e culturais, enquanto, ao mesmo tempo, propõe cartografias literárias que ultrapassam as fronteiras fechadas dos Estados-nação.
José Tiago Farias - Tradição e modernidade: interseções e rupturas no conto “Excisadas na flor da vida”, de Tony Tcheka
José Tiago Farias é professor, poeta e cronista. Nascido em Jorrinho, Tucano-Ba (Brasil), filho de D. Belinha e Tiago José, tem a sua vida atravessada pelas experiencias do interior e das cidades, incluindo Juazeiro onde trabalha e Feira de Santana onde fez a sua graduação em Letras. Participa de diversas antologias poéticas e tem seus escritos publicados em uma dezena de livros. Sua crônica mais conhecida é “Caixa de lápis de cor”, que não por acaso viria a ser título do seu primeiro livro.
Título Poster: Tradição e modernidade: interseções e rupturas no conto “Excisadas na flor da vida”, de Tony Tcheka
Resumo: Este pôster promove uma reflexão das relações entre tradição e modernidade no conto “Excisadas na flor da vida” (2022), do escritor guineense Tony Tcheka, sob a perspectiva do enfrentamento de Antoninho, diante da prática da excisão feminina de suas irmãs. O personagem representa a ruptura de costumes ao questionar o lugar de ritos tradicionais, promovidos repetidamente sem o filtro da criticidade. Nesse sentido, a escola é apresentada como um elemento de modernidade que se contrapõe à prática da excisão, enquanto o protagonista busca convencer a sua comunidade, por meio do argumento e do exemplo, a necessidade de considerar o fim da atividade do fanado.
Eric Andrade - Identidades Políticas Polarizantes no Mundo digital (Twitter X)
Eric Andrade é aluno da licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. No âmbito do seu curso, está a fazer um minor em Cultura e Comunicação, algo que pode ser explicado pelas suas origens. Nascido e residente na área metropolitana de Lisboa, é filho de pais oriundos da Guiné-Bissau, mas de ascendência cabo-verdiana, sendo ambos os países ex-colónias portuguesas. Este dado biográfico moldou o seu interesse pelos estudos pós-coloniais e culturais.
Título Poster (com Lúcia de Azevedo Ramos): Identidades Políticas Polarizantes no Mundo digital (Twitter X)
Resumo: Recorrendo a autoetnografias digitais e a uma etnografia não-participante de indivíduos de idades entre os 19 e os 20 anos, todos estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, desenvolvemos o projeto intitulado “Identidades Políticas Polarizantes no Mundo Digital (Twitter/X)”. Um projeto que pretende analisar, sob a luz do circuito da cultura de Stuart Hall, a forma como as plataformas digitais, mais concretamente o X, influenciam, moldam e refletem identidades políticas num mundo cada vez mais globalizado e marcado por relações interculturais. Neste sentido, símbolos, como bandeiras, e as mais diferentes expressões artísticas, como vídeos, desenhos e fotos, ocupam um papel central ao permitirem uma análise da expressão da identidade política na rede social. A observação destes dois aspetos foi feita tendo em conta vieses que não poderiam ser ignorados, como é o caso dos orientalismos e dos imperialismos que afetam o significado e o significante. Os resultados deste projeto revelaram-se um tanto inconclusivos, consequência da natureza do algoritmo, que dificulta a análise da produção, e que contribui para a natureza dicotómica e disruptiva do X. Assim, se de facto existem posições polarizadas, também é verdade que a existência humana não se resume a posições esporádicas dentro e fora do mundo digital, assim como o que é dito e praticado virtualmente nem sempre reflete a realidade não-virtual.
Isabel Fischer - Portugal as a Reflection of GDR Values
Isabel Fischer is a student at University of Technology in Chemnitz since 2022. Studying “European Studies” which is a more modern course of study is a very versatile experience. Looking through different perspectives (sociology, history, politics, economics, cultural studies etc.) on Europe gave Isabel a new and wider spectrum for many topics regarding our continent. The knowledge about the carnation revolution started in the last winter semester with a lecture about the Iberian Peninsula. This year with the 50th anniversary of the carnation revolution the university offered multiple seminars regarding this topic. Through previous interest in the topic Isabel decided to join a seminar about the depiction of the revolution in the GDR newspaper “Neues Deutschland” (= New Germany) though a press analysis. This course is attending the conference with a poster project.
Title: Portugal as a Reflection of GDR Values
Abstract: As part of the seminar “Press analysis, based on the example of the coverage of the Carnation Revolution in Portugal in Neues Deutschland”, we examined the most important newspaper in the GDR, Neues Deutschland. We were interested in how this medium reported on Portugal and how the Carnation Revolution shaped the image of Portugal presented to GDR readers in these articles." Our research uncovered two central motifs in the coverage of Portugal in the 'ND'. On our poster, titled 'Portugal as a Reflection of GDR Values' my colleague Irena Ilic and I present theses that both exemplify and reinforce these motifs.
Sandra Fischer - Sonnenberg – a district full of contrasts?
Sandra Fischer: After my A-Levels, I completed my two-year training as a foreign language correspondent in English and French and decided to dive into the field of European Studies. Since 2020, I have been studying European Studies with a focus on Social Sciences, and I am currently writing my Bachelor thesis at the Faculty of Humanities at the University of Technology in Chemnitz. In the past, I gained experience in different working environments, for instance during my semester abroad in Riga, during my participation at National Model United Nations or during my internship in the field of international relations. My main interests lay in cultural studies, political science, social sciences and migration studies
Title: Sonnenberg – a district full of contrasts?
Abstract: Migration is a tense topic in Chemnitz. On a political level, right-wing parties such as the Alternative für Deutschland or Freie Sachsen that oppose migration registered an increase in votes. At the same time, there are many different associations and actors that support people who decided to migrate and help them arriving and integrating in the new environment. While showing exactly this division, the district Sonnenberg seems elusive. On the one hand the district reminds people of Berlin-Kreuzberg and is described as a “melting pot” of cultures, on the other hand right-wing extremists made plans to create a “National Liberated Zone” there in 2016. Yet, it is the district with the third-highest number of people without a German citizenship. For my BA thesis, I decided to investigate whether the district Sonnenberg could be seen as an arriving district for migrants and people with a migration history, and in which way this might be the case. A special focus will be placed on the meaning of Sonnenberg for the city of Chemnitz. What is the reputation of this district? How do different relevant actors see it? Which meaning does it have for migrants and people with a migrant history? These questions will be embedded in the analysis of the district’s role in the social cohesion in Chemnitz. The analysis will be based on qualitative interviews (walk-along-interviews and interviews with experts) as well as on literature.
Lucas Hirsekorn
Luca Hirsekorn is a bachelor’s student in European Studies with a focus on cultural science at TU Chemnitz and has an interest in postcolonial research and decolonial praxis due to numerous seminars revolving around this topic and a personal drive to learn more about colonial past and continuities.
Irena Ilic - Portugal as a Reflection of GDR Values
Irena Ilic, is studying European Studies with a focus on Cultural Studies at the Chemnitz University of Technology. She comes from Serbia, where she graduated from high school. During this time, in addition to school, she was also involved in humanitarian work, organized various events, and worked in a museum. After graduating, she moved to Germany, where she decided to pursue her desire to help other people, which is why she chose European Studies. As part of her studies, she attended various seminars that focused on issues related to the migration of certain populations, as well as the processes and periods of colonization. She is currently working on the project “Press Analysis - Using the Example of Reporting on Portugal's Carnation Revolution in Neues Deutschland,” which aims to provide the most accurate reflection of the situation and the historical context of the period. She is a very communicative person who enjoys getting to know various cultures and nations. She is particularly interested in topics related to the development of international societies.
Abstract: As part of the seminar “Press analysis, based on the example of the coverage of the Carnation Revolution in Portugal in Neues Deutschland”, we examined the most important newspaper in the GDR, Neues Deutschland. We were interested in how this medium reported on Portugal and how the Carnation Revolution shaped the image of Portugal presented to GDR readers in these articles."Our research uncovered two central motifs in the coverage of Portugal in the 'ND'. On our poster, titled 'Portugal as a Reflection of GDR Values,' my colleague Isabel Fischer and I present theses that both exemplify and reinforce these motifs.
Maria José Lobo Antunes
Maria José Lobo Antunes: I am an anthropologist and Associate Researcher at the Institute of Social Sciences of the University of Lisbon (ICS-ULisboa). My work intersects memory, history, and visual culture, focusing on Portuguese late colonialism and the wars that defended it. I was an FCT Postdoctoral Research Fellow at ICS-ULisboa. I led the project Image, War and Memory (2017-23), which critically engaged with the uses and circulation of private and public photographs from the Portuguese decolonisation war. I curated the exhibition A War Kept. Photography of Portuguese Soldiers in Angola, Guinea-Bissau and Mozambique 1961-74 (Museu do Aljube, Lisbon 2022), and I am currently preparing a series of short films on veterans’ storytelling and private wartime pictures. I am the author of Regressos quase perfeitos. Memórias da guerra em Angola (Tinta-da-China 2015).
Pedro Barros - Cravos para todos? Memórias da Revolução dos Cravos no século XXI
Pedro Barros, 41 anos. Habito em Pombal. Aluno de línguas modernas, variante de português e inglês. As literaturas africanas sempre me fascinaram. Gosto por Pepetela e Mia Couto. Participante no colóquio internacional em Coimbra sobre sexualidades e géneros nas literaturas africanas de expressão portuguesa.
Título Poster: Cravos para todos? Memórias da Revolução dos Cravos no século XXI
Resumo: O presente trabalho visa contribuir com as discussões existentes a respeitos das visões de Abril, inseridas nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. Através de uma série de entrevistas a alguns militares de Abril, a alguns/algumas retornados/as e nativos/as africanos/as, pretende-se com este trabalho mostrar que cada uma das pessoas apresenta uma visão diferente dos acontecimentos. Esta rememoração pretende ainda mostrar que o tabu que envolve os temas das repatriações, retornados, e Guerra Colonial / de Libertação ainda é um tema muito sensível na memória de quem os viveu mas também na sociedade do séc. XXI.
Mariacristina Migliore - Declinações plurais da feminilidade. Representações de mulheres subversivas nos romances de Cassandra Rios
Mariacristina Migliore, licenciada pela Sapienza – Università di Roma (Itália), e Mestre em Línguas e Literaturas Europeias e Extraeuropeias pela Università di Catania (Itália), Mariacristina Migliore é atualmente doutoranda no programa em Estudos Feministas (FLUC/CES) da Universidade de Coimbra. O seu projeto de investigação é centrado no corpus literário da escritora Cassandra Rios e é financiado pela FCT. Os seus interesses de pesquisa situam-se no âmbito das literaturas de língua portuguesa, em particular do Brasil, e das teorias feministas e queer aplicadas à crítica literária.
Título (provisório): Declinações plurais da feminilidade. Representações de mulheres subversivas nos romances de Cassandra Rios
Resumo: O presente trabalho de investigação visa propor uma análise literária de parte da obra de autoria de Cassandra Rios (1932-2002). Escritora paulistana cuja produção foi duramente atingida pela censura do regime civil-militar brasileiro (1964-1985), Rios e a sua literatura estão a ser objeto de um processo de redescoberta, graças a iniciativas de resgate do seu nome autoral no contexto do renovado interesse da academia pela história das mulheres e das identidades queer na literatura. O objetivo principal da pesquisa é analisar as formas com que a noção de feminilidade é representada e as modalidades com que é desafiada, na sua aceção mais tradicionalista, nos romances selecionados, na tentativa de criar uma perspetiva alternativa e potencialmente inédita tanto na escolha de alguns dos títulos cassandrianos, até a atualidade, pouco considerados pela crítica, como também na abordagem das temáticas neles tratadas. A investigação levará ao aprofundamento de assuntos relacionados a questões LGBTAI+/queer, com especial foco no lesbianismo e na bissexualidade feminina, bem como em identidades transgéneras, nomeadamente lésbicas masculinas (butch) e mulheres travesti. Fundamentais para o êxito do presente trabalho serão as teorias feministas (Braidotti, 1994; 2002), lésbico-feministas (Wittig, 1992; Rich, 2012; Navarro-Swain, 2004) e queer (Butler, 1991; Halberstam, 1998; Miskolci, 2014; Pelúcio, 2014) aplicadas aos estudos literários e narrativos, particularmente no que concerne a análise da personagem (Reis, 2016).
Estela Miranda Ferreira
Estela Miranda Ferreira é aluna em Estudos Artísticos – Artes do Espetáculo, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Nascida em Portugal, mas de ascendência angolana, antes de prosseguir para a licenciatura em Estudos Artísticos esteve em Estudos Africanos, na mesma instituição. Enquanto amante do cinema, um dos seus objetivos é conseguir retratar no grande ecrã a singularidade da experiência negra em Portugal, tal como outros assuntos que lhe suscitam interesse.
Kátia Nascimento - A descolonização e decolonialidade existentes na obra literária de Cuti, evidenciadas pelas cosmologias afro-brasileiras, Umbanda e Candomblé
Kátia Nascimento: Sou brasileira, do Estado do Rio Grande do Sul, formada em Letras Português/Espanhol e Mestre em Letras – Linguística Aplicada, pela Universidade Católica de Pelotas – UCPel, no Rio Grande do Sul. Sou professora de ensino superior. Estou em Portugal para fazer doutoramento em Literatura de Língua Portuguesa. Meu interesse científico é investigar as cosmologias afro-brasileiras encontradas na literatura de vários autores brasileiros. No momento, o foco é o escritor negro-brasileiro, Cuti. Para isso, além das teorias no âmbito da literatura, que fundamentarão meus estudos, também, serão contempladas teorias da antropologia da religião.
Título Poster: A descolonização e decolonialidade existentes na obra literária de Cuti, evidenciadas pelas cosmologias afro-brasileiras, Umbanda e Candomblé
Resumo: O objetivo deste projeto de investigação, de cunho analítico-discursivo, em Literatura de Língua Portuguesa, é identificar na obra do escritor negro-brasileiro, Cuti, a descolonização e decolonialidade, por meio das cosmologias afro-brasileiras, Umbanda e Candomblé. Uma das peculiaridades do negro-brasileiro é a expressão por meio de suas cosmologias. Essas cosmologias evidenciam-se em poemas e contos de Cuti. A liberdade, palavra que encerra o objetivo da Revolução dos Cravos, encontra-se na obra de Cuti. Assim como o 25 de abril, que carrega o sentido de liberdade em si mesmo, também a literatura de Cuti é carregada de luta pela liberdade, que nunca se acaba, uma luta violenta e camuflada pelos direitos que todo o negro-brasileiro tem, mas que, no entanto, não consegue, de fato, exercer. Esta investigação fundamenta-se em teorias da literatura e antropologia da religião.
Yu Peilin - Encontros e desencontros: história, memória e mulheres nas vozes poéticas de escritoras angolanas pós-independência
Yu Peilin, nascida no sul da China, mestre em Literatura de Língua Portuguesa pela FLUC e doutoranda no mesmo curso, tem ancorado e desenvolvido o seu interesse de investigação em campos como as literaturas africanas de língua portuguesa, as teorias pós-colonial e decolonial, o cinema de países africanos, entre vários outros, com enfoque na literatura angolana. Participa com comunicação em vários colóquios e conferências internacionais. Também faz e publica trabalhos de tradução para a sua língua materna, dos quais é distinguida a publicação da sua tradução do romance da escritora brasileira Maria José Silveira em Taiwan (2022), intitulado A mãe da mãe de sua mãe e suas filhas.
Título (provisório): Encontros e desencontros: história, memória e mulheres nas vozes poéticas de escritoras angolanas pós-independência
Resumo: Este projeto de tese propõe uma investigação das obras poéticas de seis escritoras da literatura angolana, Amélia Dalomba, Ana de Santana, Isabel Ferreira, Lisa Castel, Maria Alexandre Dáskalos e Paula Tavares, cujas publicações literárias se iniciam na década de 1980. No que diz respeito à literatura angolana pós-independência, observa-se que dominam as investigações e críticas acerca das narrativas em prosa e ficcionais, como romances, contos e crónicas, em detrimento de estudos sobre os textos poéticos. Para além disso, outra curiosidade que nos chama a atenção é a desigualdade entre os estudos sobre obras de escritores masculinos angolanos, por um lado, e os de escritoras angolanas, por outro. Ou seja, tal como se verifica na literatura angolana a sua generalidade, os textos poéticos de autoria masculina gozam de maior visibilidade, reconhecimento e destaque no mundo académico, enquanto parece minoritária a atenção académica dada à análise sistemática das obras poéticas de autoria feminina. Face a esse duplo desequilíbrio, este projeto de investigação tem como objetivo ressaltar a qualidade literária das seis escritoras angolanas e explorar a sua relevância histórica no panorama da literatura angolana, bem como a sua relevância académica no âmbito do estudo da mesma. Assim, tencionamos analisar as particularidades das obras poéticas das seis escritoras angolanas, através dos seguintes tópicos: 1) As marcas da história das guerras e dos conflitos de Angola do século XX; 2) As relações entre memórias culturais, tradições e projetos de identidade nacional; 3) As representações das vivências, consciências e sensibilidades das mulheres angolanas na época pós-independência. Mediante esta análise das obras poéticas do corpus, pretendemos ainda sublinhar as dinâmicas convergentes e divergentes na criação poética desse grupo de escritoras. Os encontros entre as seis são representados pela partilha de características geracionais, por um lado. Por outro, existem ruturas interiores e divergências nas perspetivas e significações entre elas, as quais designamos por desencontros, que valeriam a pena ser investigados de modo comparatista.
Adriana Quintas Duarte - Som Periférico, Ruído Anti-Sistema: O simbolismo, história e impacto do rap e da cultura hip-hop no Vale da Amoreira
Adriana Quintas Duarte, de nacionalidade portuguesa, nasceu a 26/08/2002, no Barreiro (Setúbal, Portugal). Licenciada em Artes e Humanidades pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e matriculada para iniciar o mestrado em Migrações, Inter-Etnicidades e Transnacionalismo tem como principais áreas de estudo a História do continente Africano, a colonização, descolonização e quais os seus impactos na estrutura social atual. É também investigadora colaboradora no projeto CONSTELLATIONS OF MEMORY, financiado pela FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia).
Título Poster: Som Periférico, Ruído Anti-Sistema: O simbolismo, história e impacto do rap e da cultura hip-hop no Vale da Amoreira
Resumo: Este projeto aborda a trajetória do género musical do rap e da cultura hip-hop, desde a sua entrada em Portugal na década de 80 à atualidade, sendo a análise circunscrita ao espaço geográfico do Vale da Amoreira. Com recolha de testemunhos de indivíduos dentro do meio do rap, pretende simultaneamente perceber a história do género musical e da zona do Vale, procurando entender primeiramente como a realidade social e económica, o contexto cultural e a música dialogam entre si dentro do bairro. Para este efeito são tratados temas como a importância da influência do crioulo dentro do movimento do rap no Vale da Amoreira. É ainda realizada uma reflexão, a partir da história e testemunho dos indivíduos entrevistados, sobre o impacto e o significado do movimento do hip-hop e o que este simboliza para a comunidade e para o bairro. Originados na Jamaica e com surgimentos nos Estados Unidos da América na década de 1970, mais especificamente no Bronx, o rap e o hip-hop são uma ferramenta de manifestação contra o sistema e tudo o que ele representa para aqueles que são esquecidos e negligenciados pelo mesmo e que convivem diariamente com violência, pobreza, racismo, falta de oportunidades e recursos, maioritariamente nas áreas periféricas das cidades. O Vale da Amoreira, bairro situado no município da Moita, destino de várias famílias e indivíduos depois das independências das colónias portuguesas, tornou-se num espaço onde o rap proliferou. No meio musical moradores viram na música uma forma de canalizar os seus sentimentos e opiniões. De igual modo, a música assumiu-se como um metódo de se fazerem ouvir relativamente ao que era a sua realidade : violência policial, perda de entes queridos para a violência e o crime, desigualdade social e económica e outros temas comuns à vida no que é considerado um “bairro social”.
Leonor Rosas
Leonor Rosas é doutoranda em Antropologia no ICS-UL e mestre em Antropologia pela FCSH-UNL. Foca-se nos temas da memória, colonialismo e espaço público. É igualmente membro do Conselho Consultivo Jovem do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, deputada na Assembleia Municipal de Lisboa e dirigente do Bloco de Esquerda.
Monique Scheuring - Solidarity with liberation movements as a borderless form of resistance
Monique Scheuring, born in 1993 in Berlin, currently a Bachelor's student in European Studies. Strong interest in analysis of global interconnections and differences, as well as crises and social movements. Participating with a focus on examining ruptures, transformation, and continuities.
Title: Solidarity with liberation movements as a borderless form of resistance
Abstract: As part of the seminar “Press analysis, based on the example of the coverage of the Carnation Revolution in Portugal in Neues Deutschland”, we examined the most important newspaper in the GDR, Neues Deutschland. We were interested in how this medium reported on Portugal and how the Carnation Revolution shaped the image of Portugal presented to GDR readers in these articles." Our research uncovered two central motifs in the coverage of Portugal in the 'ND'. On my poster, titled 'Solidarity with liberation movements as a borderless form of resistance' I present theses that both exemplify and reinforce these motifs.
Agesiláu Silva - Bacurau como um modelo de sociedade decolonial para o Brasil? Uma análise pós-colonial do filme
Agesiláu Silva concluiu seu bacharelado em Psicologia na Universidade de Fortaleza, no Brasil, e atualmente está fazendo mestrado em Comunicação Intercultural na Universidade de Técnica de Chemnitz (TUC). Durante seu mestrado, trabalhou como voluntário no projeto Centro de Informações para Refugiados LGBTI* em Chemnitz, como assistente de alunos na Cátedra de Mudança Cultural e Social (TUC) e fez um estágio de pesquisa no Conselho de Especialistas em Integração e Migração (SVR) em Berlim. Atualmente, ele está escrevendo sua tese de mestrado “ Bacurau como um modelo de sociedade decolonial para o Brasil? Uma análise pós-colonial do filme” e trabalha na área de assistência a jovens em uma organização social em Berlim.
Título Poster: Bacurau como um modelo de sociedade decolonial para o Brasil? Uma análise pós-colonial do filme
Até que os leões tenham seus próprios historiadores, a história da caçada sempre glorificará o caçador.
(provérbio africano)
Resumo: O filme brasileiro “Bacurau”, dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, foi lançado em 2019. O filme conta a história de uma comunidade economicamente pobre localizada em uma vila rural em Pernambuco (nordeste do Brasil). Bacurau “parece” ter sido esquecido pelo governo: A infraestrutura é precária, há falta de água e quase não há assistência governamental. Apesar dessas circunstâncias, essa comunidade está resistindo por meio de uma administração autônoma. Eles mantêm relações sociais e agem em solidariedade uns com os outros. Essa sociedade funciona como um Brasil imaginário no qual raça, gênero e classe não desempenham mais um papel fundamental e sua organização social pode ser moldada democraticamente de baixo para cima. Bacurau aponta para uma ordem social diferente, uma comunidade que conta sua própria história em vez de ser escrita por outros. No filme, o povo de Bacurau é caçado por um grupo de turistas americanos brancos que negociaram isso com o prefeito do vilarejo em troca de uma quantia em dinheiro. O filme “Bacurau” apresenta a luta entre esses dois grupos e como o povo de Bacurau se organiza e luta. Nesse contexto, minha apresentação se concentra na questão de qual proposta ou modelo de sociedade a comunidade decolonial de Bacurau representa para o Brasil.
Felix Taboada - The violence of colonization: Otherization and animalization.
Felix Taboada, graduated in Economics with a double-diploma from the Universidad del Salvador and Université Paris Panthéon-Sorbonne in 2021. Currently writing his thesis for the master "European Integration" at the Technische Universität Chemnitz, focused about the "Challenges of multilingualism in the EU-integration", he also works as an assistant at the Europa Institut of the TU Chemnitz.
Title:
Abstract: As part of the Seminar "Representations of the Global South and of post-colonialism in cinema: Examples from the lusophone-world", I analysed the movie Bacurau (2019) from Brasil from the colonial and post-colonial perspective, especially the themes of Otherization and Animalization, necessary to the sustainment of a colonial ideology. These two processes can only be maintained through an ever increasing violence which ends up de-humanizing not only the colonized, but also the colonizer.
Inês Venâncio - A formação do olhar inocente: uma análise do romance Bom dia camaradas
Inês Venâncio, Licenciada em Português com menor em Francês pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Natural de Pombal, Leiria, Portugal desenvolveu um interesse profundo pela literatura durante a adolescência devido a uma professora de português. Atualmente, frequenta o Mestrado em Literatura de Língua Portuguesa e, devido ao gosto que sempre teve pelo grotesco, terror e sobrenatural para a dissertação, irá trabalhar o grotesco na literatura. Na literatura portuguesa o meu período favorito é o século XIX, com foco especial no Romantismo e Realismo.
Título (provisório): A formação do olhar inocente: uma análise do romance Bom dia camaradas
Resumo: Este trabalho, desenvolvido no âmbito da unidade curricular de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, oferece uma análise do romance Bom dia camaradas de Ondjaki, pseudónimo do escritor angolano Ndalu de Almeida. Publicado em 2001, o romance é ambientado na Luanda dos anos 80, durante o período pós-independência, e é narrado na primeira pessoa através dos olhos de uma criança. Ondjaki combina memórias pessoais com eventos históricos para criar uma visão nostálgica e esperançosa da vida em Angola, capturando a essência da cultura angolana e refletindo a identidade nacional e as interações sociais da época.
O estudo explora como Ondjaki utiliza a perspetiva infantil para abordar questões profundas de identidade nacional, resistência cultural e legado histórico. A narrativa capta as experiências quotidianas do protagonista, as suas interações familiares e escolares, e as suas perceções sobre os eventos políticos e sociais que moldam o seu ambiente. A obra é caracterizada por uma linguagem simples e poética, rica em termos locais, que reforça a autenticidade cultural e o contexto histórico da Angola pós-independência. Apesar das adversidades da guerra civil, a narrativa mantém um clima de otimismo através da perspetiva infantil, refletindo a esperança do povo angolano por dias melhores.
Karla Vilela de Souza - A representação da mulher em contos de Mia Couto
Karla Vilela, mestranda em Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de Coimbra. É especialista em Literatura pela Faesa e Licenciada em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Espírito Santo. Trabalha há dez anos como professora do Ensino Fundamental Anos Finais e do Ensino Médio em instituições privadas no Brasil. Tem interesse na interface Literatura e Educação, e atualmente foca suas pesquisas no âmbito do gótico, do fantástico e das suas manifestações no século XIX.
Título Poster: A representação da mulher em contos de Mia Couto
Resumo: Mia Couto, renomado escritor moçambicano, é conhecido por sua habilidade de entrelaçar a realidade e a fantasia em suas narrativas, muitas vezes refletindo sobre a condição humana e as complexidades sociais. Seus contos frequentemente exploram temas como a identidade, a memória e as relações de gênero. Este ensaio propõe uma análise da representação da mulher nos contos “As Três Irmãs”, “O Cesto” e “Na Tal Noite”, presentes na obra O fio das missangas, com o objetivo de compreender como Mia Couto constrói suas personagens femininas e quais questões sociais e culturais são abordadas por meio dessas representações.
Chams Wang Xin - “百家饭” Bǎi jiā fàn: Transnational experiences of Chinese immigrants’ children between Cape Verde, Portugal and China
Chams Wang Xin is an anthropology researcher and Chinese language and culture professor. I am currently a PhD applicant in the DANT program of the University of Lisbon (2023-now). I hold an MA in Teaching Chinese as a Second Language, with a minor in Overseas Communication of Chinese Culture from the School of Humanities of the Communication University of China(2018-2021). I have worked as a professor of Chinese language and culture at the University of Cairo, Egypt (2019-2021), at the University of Cape Verde, Cidade da Praia (2021-2023), and as a volunteer teacher of Chinese culture at the Shumin Chinese Language and Culture Centre, Lisbon (2023-now). My own experiences of international migration and intercultural mediation deeply inform my research practice, and my specific concerns regarding transnational families, the transnational experiences of Chinese migrants and Chinese migrant’s children.
Título Poster (with Ananda Khan Ambrose): Post-colonial transnational migration experiences
Abstract: "百家饭" Bǎi jiā fàn means “eating from a hundred families” and embodies the experience of being raised within diverse educational environments. This project aims to conduct ethnographic research on the relations, practices, and subjectivities produced around the transnational movement of children and youngsters of Chinese families living in Cape Verde. Cape Verde is a relatively recent destination for Chinese migration to Africa (Carling & Haugen, 2008). Like Chinese migrants to Portugal (Rodrigues & Gaspar, 2021), Chinese communities in Cape Verde originally come from the Zhejiang province and other parts of China. They also exhibit transnational ties with communities in Portugal and their hometowns in China. The main subject of this research project is the circulation of children within these transnational networks, focusing on family strategies concerning children's education and the youngsters’ life experiences in the Cape Verdean, Portuguese, and Chinese contexts.
Program Coordinators
Ana M. Troncoso S. studied Journalism in Valdivia (Chile) and Visual Anthropology in Göttingen (Germany). There she also completed her PhD with a filmic project on processes of becoming a citizen of German Jews in Chile. Since 2017, she has been a research assistant at the Institute for European Studies and Historical Sciences at Chemnitz University of Technology. Her research focuses on theories of racism and postcoloniality as well as gender studies, intersectionality, entangled history and film.
Elsa Peralta, PhD in Anthropology, is a senior researcher at the CEComp-FLUL and an Associate Researcher at ICS-UL. Her work draws on intersecting perspectives from anthropology, memory studies, cultural studies, and postcolonial studies and focuses on postcolonial cultures, memories and identities. At the moment, she coordinates the CEComp’ Research Group CITCOM and the Research Line Legacies of Empire and Colonialism in Comparative Perspective. She is also the PI of the FCT funded project, Constellations of Memory: a multidirectional study of postcolonial migration and remembering.
Doris Wieser is Professor at the Faculty of Arts and Humanities at the University of Coimbra, where she is responsible for the area of African Literatures in Portuguese Language. She holds a PhD in Ibero-Romance Literature from the University of Göttingen, Germany, with a thesis on the Latin-American crime novel, published in 2012. With her research project on political and literary constructions of national identities in Angola, Mozambique and Portugal, she was awarded the FCT Researcher competition (Investigador FCT). She worked at the Centre for Comparative Studies at the University of Lisbon from 2017 to 2019. She was a postdoctoral fellow of the Alexander von Humboldt Foundation at the Centre for African, Asian and Latin American Studies (CEsA / ISEG) at the University of Lisbon from 2014 to 2016. From 2008 to 2016 she was a research and teaching associate at the Department of Romance Philology at the University of Göttingen. She concluded her Magister in Hispanic, Lusophone and German Philology at the University of Heidelberg. Her research interests centre on Lusophone African literatures, Latin-American literatures, crime novel, gender studies, memory studies, and the construction of identities.